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1 Mário Pazcheco Refrescando a memória Jardim Rochdale/SP; Taguatinga, Guará/DF Revisão Roberto Gicello Projeto gráfico, diagramação e arte final da capa Marcone Barros Capa Consultoria Luís Eduardo da Silva Produtora associada Zanza Meneses HEUSTÓRIA Cada vez mais estou convencido de que somos um compêndio de heustórias absurdas e loucas e me tocando de que também rumamos, como O Titanic, em busca do iceberg definitivo. Pode também transparecer que eu esteja deprimido. Só peço que não deixem as pressões exteriores abalarem a vossa dor dente... No livro corre a estória dentro da história, dando como síntese o que chamo de heustorya. Guimarães Rosa escreveu a estória e não incorpora a história. (GLAUBER ROCHA) Arquivos consultados dopropriobolso.com.br, Sindicato do Reggae, Facebook e fanpage Aborto Elétrico Bibliografia Contato pazcheco@gmail.com Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Refrescando a memória : tipo. Brasília : Do Próprio Bol$o, p. 1. Tipo. I. Refrescando a memória
4 1974 ORIGENS Nos altos do Morumbi, fomos visitar a Alzira. As paredes altas da mansão eram brancas e tinham vários pôsteres de John & Yoko. Eu jamais tinha visto uma guitarra e um piano bar! Na mais pura tolice genuína fiquei maravilhado com a louça italiana e os cristais dos banheiros e os acessórios que para mim eram 'o ouro de tolo'. Cheguei em casa e recebi um esporro: 'seu tio faz necessidade lá no mato e não ficou deslumbrado, já você, francamente...". Essas histórias me f. a infância e para não falar que são mentiras, O engenheiro, Adão Rosa era o marido dela. Eu não sabia de disputas de família de migrantes da Bahia onde o tom era 'ela passava fome na Bahia e hoje ostenta' quer ser feliz fique longe da família, do código de silêncio. Eu disse que iria escrever a verdadeira história dos Pazchecos e fui ameaçado: 'te processo de novo'. No Facebook a cada dia escrevo um novo parágrafo da saga a cada like, agora você decide o que vale ou o que é mentira. Penduro quadros nas paredes e me sinto bem-sucedido como a tia do Morumbi. Esse era um gibi do ano da Copa na Alemanha. Difícil para mim era tomar a iniciativa de pedir para o meu pai comprar a edição. Além disso, o ano escolar ficava ameaçado pelas revistas líamos tudo que caia nas mãos e a rua toda trocava seus gibis e livrinhos de ficção, espionagem e faroeste MARÇO/ABRIL NO TEMPO DOS CAUBÓIS Nas rádios a canção era "Roy Rogers", com Elton John. Por serem mais velhos, os caras do fim da rua em frente ao rio Tietê só gostavam de histórias de far west e livros de bolso congêneres. Era a febre do início dos 70s e que já começara a subir no termômetro das obsessões infanto-juvenis na década anterior. Faltava-me alguns números básicos, mas eu nem sonhava em novamente resguardar revistas e lembranças: (A)Dolfo era o cara que tinha as revistas na Rua Paraíba, em 1974 ano de mistério e balas e sequestros típicos das manchetes de jornais como Última Hora. Eu tinha dez anos. Quando a minha mãe, sabiamente, dispensou a minha primeira coleção. Aqueles gibis do Solar, o Homem do Átomo, Zero, Brotoeja, Riquinho, Motardelo & Salaminho; edições da Turma da Mônica de 1973; os Superman Bi de 1971, as revistinhas de Mandrake, Fantasma, Tarzan, Flash Gordon; os de heróis da Marvel da Ebal se foram, ainda que tenham deixado herdeiros. Hoje eu procuro números da revista de arquitetura Módulo, dos 70s. No entanto, não pense que gasto o suado dinheiro com papel (impresso). BLUES DO JARDIM ROCHDALE Bilico, um baixinho atarracado, ganhava a vida 15 dias fora dos muros da cidade, outros 15 dentro. Fazia fretes em carretas para o Paraná e até para o Paraguai lugares exóticos dos quais trazia coisas que enchiam os meus olhos de assombro e fascinação. Mas a curiosidade mata o macaco: Bilico nunca me deu nada, nem uma bolinha de gude. Sua concessão máxima era permitir, por raros minutos, que eu subisse na boleia da carreta, destas de muitas rodas, que dominavam a paisagem em frente a casa dos meus pais. No toca fitas da boleia ele sempre ouvia A Casa do Sol Nascente à exaustão e carregava uma Bíblia. Num desses finais
17 DE JANEIRO Living the Beatles legend tá aí o nome do livro do Mal Evans, um biógrafo infeliz que não tinha cópias do original, perdido para sempre desde a sua morte a 5 de janeiro em 1976 DO SUL DE TAGUATINGA PARA O DI (DEPARTAMENTO DE IMOBILIÁRIA DA NOVACAP) Vim de Osasco-SP para Taguatinga Sul (Vila Dimas, Matias e Sapolândia, na Shis Sul). Morei na QNA 26, próxima à Praça do DI. Estudei na Escola Classe 23 e no CTN e morei também na QNJ 5. Quando menino, ouvia todos os domingos o jornaleiro berrando "Olha aê o Correio! (ou o que em meus ouvidos soava também como Olha eu... o Correio! ). Era do Correio Braziliense que eu tirava a escalação para os meus times de futebol de botão. Em seguida, passei a colecionar recortes sobre os músicos do mundo o rock... Em Taguatinga Sul, existiu o Cine Rex e no biênio , morei um mês na Vila Matias e comprava gibis naquela Praça do Rex. Eu caminhava desde a Praça do Relógio, no início da Av. Comercial até o final, procurando por gibi usado e tampa de vidro de relógio para jogo de botão. No fim da Comercial, o Cai Pinto famoso lupanar e, depois, outro puteiro sufocado no matagal, nos fundos da Facita. Hoje se anda-se por ali e não se reconhece nada. Eu ia a pé da QNJ 5 até o CTN e subia até o Jumbo, no Centro. Pra quem veio do Rochdale, o rolê era quente. Mas medo, mesmo, era o de andar no Plano Piloto. Ali sempre foi perigoso. No início do ano, Glauber Rocha despreza os dois primeiros roteiros e viaja para Moscou, onde não conhece ninguém. Do hotel, liga para a Mosfilm, a empresa estatal de cinema, comunicando que havia chegado. Durante seis dias é visitado por Natasha, uma funcionária especialista em Machado de Assis, que lhe mostra as praças, os museus e monumentos da cidade. Pedem-lhe referências e ele dá: Luiz Carlos Prestes, secretário geral do Partido Comunista Brasileiro, deve ter ouvido falar de mim. Não apenas ouvira como comparece a uma seção especial de Deus e o Diabo na Terra do Sol e O Dragão da maldade contra o Santo Guerreiro, numa sala vip da Mosfilm. Prestes vai embora, elogiando, e Glauber Rocha volta ao hotel, esperando. Quando o chamam de volta, querem, naturalmente, um roteiro. O cineasta inventa um roteiro falado, de uma hora, traduzido por Natasha, e tenta derreter o gelo dos tecnocratas soviéticos com uma comparação: Acontece comigo o mesmo que aconteceu com Eisenstein no México! Há uma nova exibição de Deus e o Diabo na Terra do Sol. De volta ao estúdio, não há como escapar: o roteiro ou nada! E avisam, delicadamente, que o inverno está chegando.
19 O fascínio de Glauber em conhecer os mecanismos do poder dá-lhe o grande mérito de sacar, que Fernando Henrique Cardoso é a ponta de lança do Pentágono no Brasil, assim como denuncia que o CEBRAP em São Paulo é financiado pela Fundação Rockefeller e está a serviço da CIA. funcionando como plano neo-camelô das ciências sociais. Não é por acaso que repicam-se heustórias de Glauber de manhã cedo, enrolado num cobertor como mendigo, caminhando sem rumo pela praia de Ipanema, falando sozinho ou comendo sem pagar nos restaurantes e chamadas de capa Nem Mao, nem Stálin, nem Glauber e leads com o título de Pobre Glauber! Pobre Glauber! em semanários esquerdistas em campanha para eliminar o cineasta da vida nacional. Quando eu filmar a Odisseia, convidarei o professor Fernando Henrique Cardoso para o papel de sedutor, embora não saiba se o Príncipe topa contracenar nu com Ariadne no Labirinto do CEBRAP. Epígrafe do livro O Príncipe da moeda, de Gilberto Vasconcellos. O sedutor de Ariadne é Teseu. Ela o ajuda na vitória sobre o Minotauro, no Labirinto. Ariadne parte com Teseu, mas é logo abandonada. Glauber o profeta da Abertura ainda prevê a sucessão de Geisel por Figueiredo, quatro anos depois a vitória de François Mitterrand na França e até Sarney. Traços e posições particulares deste homem que parecia volúvel ao sabor de declarações e profecias passíveis de estrondos. 30 DE JUNHO VEJA Hollywood-Rio VEJA Tem algum projeto imediato de filmagem? GLAUBER Acabei de assinar um contrato de coprodução com a United Artists americana, para rodar A Idade da Terra, espécie de prolongamento de Deus e o Diabo e Terra em Transe. Acho que hoje em dia já dá para se fazer no Brasil um filme de nível internacional, pois existem condições para isso. VEJA Como será o filme? GLAUBER Prefiro não antecipar a história, para não perder a graça. Aliás, nunca esteve em meus hábitos filmar a partir de um roteiro preestabelecido. Tenho certas anotações que só se definem cinematograficamente. 19 DE JULHO MOVIMENTO Glauber Rocha está em outra Entrevista com o cineasta de 'Deus e o Diabo na Terra do Sol' 9 DE AGOSTO? E geme o sino em lúgubres responsos Pobre Glauber! Pobre Glauber! (ou: "Nem Lenin, nem Stalin, nem Marx, nem mesmo Machado de Assis". E muito menos Glauber Rocha) 13 A 19 DE AGOSTO PASQUIM-GLAUBER ROCHA Querem me matar (ou, votem na arena)
21 NATAL Juntei os cobres e comprei o álbum duplo, Rock n Roll Music, Na Veja, haviam chamado os Beatles de "incendiários". Descobriram o quanto eu tive coragem de pagar pelo disco e falaram que eu tinha que ganhar bem para manter aquele vício de adulto: pinga com música. A partir daquele momento ninguém jamais saberia quanto eu pagaria por um disco. Até hoje armo os esquemas mais mirabolantes de trazê-los para casa. A coisa que mais deixa mais puto, Rafael, é alguém pedir para ver nas sacolinhas o que eu comprei. Há dois anos, abaixei o vidro do carro pra dar um "boa tarde" a um amigo e ele pegou a sacola de discos do banco e ficou bisbilhotando para descobrir o que era, numas de curiosidade nada inocente. Dei graças a Deus que não tinha nada excepcional; mas ficou a vontade de passar com o carro por cima dele. 26 DEZEMBRO CORREIO BRAZILIENSE Contracultura Depois do Kaos (1) Sem dúvida nenhuma, os melhores, e desconhecidos dos intelectualóides, livros de escritores brasileiros (alguns hoje, finamente felizmente, já, tidos como novos (?), que li, encontrei-os ou no "sebo" ou nas "feiras de livros" ou nos "camelôs de livros" estendidos pelas intrafegáveis ruas e ruelas da metropoluída São Paulo com suas sociedades mais que anônimas. E entre os "sebados", "feirados" e "cameloados" encontrei: Ferúccio Fabry A Volta que recebeu o "Prêmio José Lins do Rego"; Aguinaldo Silva Canção de Sangue e Cristo partido ao meio; Gerardo Mello Mourão Valete de Espadas; Álvaro Pacheco Sonhos dos Cavalos Selvagens e A Matéria do Sonho; e encontrei, também, o que considero da maior importância dentro da "Literatura Brasileira", como acontecimento que foi. Novo, muito antes do novo existir e cair no lugar comum, a "Mitologia do Kaos em três volumes (?) Deus da Chuva e da Morte; Kaos; Narciso em Tarde Cinza, de Jorge Mautner. Augusto dos anjos e demônios A amarga poesia de Augusto dos Anjos ganha agora mais um inteligente estudo do crítico e poeta Ferreira Gullar, através do lançamento de toda sua obra pela Editora Paz e Terra. O estudo de Ferreira Gullar chama-se Vida e Morte Nordestina e atesta a modernidade de Augusto com renovador e cantor de um tempo social e presente na vida humana. 2b1af7f3a8